segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

RAQUEL DE QUEIROZ. Ela é o máximo.Amo tudo que ela escreve, mas...esta poesia é o máximo...Segui seus sábios conselhos e coloquei também uma telha de vidro em minha vida...


Telha de Vidro
Raquel de Queiroz
Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...

A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...
Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que — coitados — tão velhos
só hoje é que conhecem a luz do dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia!
— Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você não experimenta?
A moça foi tão bem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!

Um comentário:

  1. Deixo aqui a minha admiração pelo teu BLOG, trazendo tantos assuntos relevantes à sociedade.Sociedade esta formada por Estudantes, Professores, Amantes da Literatura em geral.
    Também deixo o meu muito obrigada pelo teu comentário que é de extrema importância para nós Professores!

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